segunda-feira, 29 de junho de 2009

...fase...

o período mais tranquilo
da minha existência
foi passado justamente
nas entranhas da mulher
de um outro homem
ele sabia de tudo
gostava da situação
não se sentia traido
nem ela uma traidora
aliás
foi ele quem me colocou lá...
estamos juntos nesse triângulo
amoroso equilátero até hoje
ela é minha mãe
ele, meu pai

quinta-feira, 25 de junho de 2009

gestão

tenho que estar
sempre avaliando
meu poder de fogo
e revendo se ainda
continuo com bala na agulha

quinta-feira, 18 de junho de 2009

segunda-feira, 15 de junho de 2009

terça-feira, 9 de junho de 2009





...acúmulo de decepções
sedimenta as frustrações
cuidado para mais tarde
não vires a chamar
essa grande desilusão
de experiência
pois será o mesmo que confundir
berimbau com gaita...

sábado, 6 de junho de 2009

alta costura

pela pele
vendo a roupa que te despe
me despeço desta veste que me tece
desato o ultimo nó do novelo
e então nu em pelo
me ofereço como agulha
e invisto em teu tecido
costurando aqui ali
me fazendo teu bordado
adornando teu sentido
tatuando meu desenho
nos locais mais escondidos
me sentindo permitido
me vestindo de você
definindo ponto a ponto
no vai vem do percurso
certa malha de beleza
que me mostra com clareza
que é em ti o meu sudário

quarta-feira, 3 de junho de 2009

tipo assim...

vivi a experiência do momento que antecede o fim
sem necessariamente estar no fim
aquele lapso de total inapetência emocional
sem vinculo com ninguém e com nada
onde tudo e todos perdem o significado
o ambiente, os íntimos permanecem próximos
são reconhecidos, mas já não movimentam
qualquer sentimento...
amor, ódio, raiva, compaixão, gratidão, ansiedade, culpa, perspectiva...
tudo que dá sentido à existência já não existe
total alheamento, mas sem ansiedade
todos os órgãos do sentido em perfeito funcionamento
as faculdades físicas e mentais completamente alertas
percebendo friamente o novo fato da plena falta
ali, vazio, mas não desumanizado, sem surpresa, sem sobressalto
nem o temor da certeza do fim
pronto pro salto...
já havia lido algo sobre esse estado que acomete pacientes terminais
que na penumbra do padecimento conseguem verbalizar sobre esse momento
mas entre o conhecimento intelectual e a experiência emocional
existe uma distância descomunal que, não sei como, consegui transpor...
isso mais do que nunca coloca minhas prioridades em perspectiva
 
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