sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

teoria das brechas

percebo a mulher como um conjunto de orifícios
gostosos gozosos angustiantes concretos e abstratos
cada beijo cada abraço cada intercurso interfemural
me soa como um retorno para uma caverna
de onde nunca saí e que na verdade - oxalá- permaneço lá...
vir por ela pra existência é cair noutro buraco tão imenso
do qual não nos damos conta de suas dimensões
a ausência que advém dessa expulsão
vai e vem como uma contração
que se mostra como a sensação de que ocupamos
um espaço provisório no átrio de uma existência sem sentido
onde falta o material original que o conteria
e o absurdo se consolida quando nossa memória inconsciente
não nos deixa esquecê-lo por completo
na medida em que seguimos tentando preenchê-lo
com os punhadinhos de nossas conquistas
um montinho aqui outro ali mais um lá
até que invariavelmente a maior das contra(ações) nos sufoca
nos convoca ao bendito (?) retorno e deixa a lição
de que a vida no corpo físico é uma parcela pequena
do total da existência de uma pessoa...
do túmulo do útero
ao útero do túmulo
aqui jaz um guru feliz!
esse será meu epitáfio
se algum dia eu morrer



 
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