A mulher
Pensa que sabe de algo que não sei
Só que ela não sabe
Que eu sei que ela sabe
Vou escrevendo e a palavra
vai estimulando o pensamento
Vou escrevendo o pensamento
e enchendo o papel de palavras
O nada do papel
estimula todo o meu pensamento
Vou enchendo esse nada com meu todo
e de repente está lá
meu pensamento em forma de palavras
e tudo bem
Hora de degustar um bom e velho vinho
porque não sou de ferro!
Se dissolve se dilui
É bom mas é ruim
No início é um alívio
A descarga do peso do convívio...
Em seguida desafia o costume
Tentando remover o betume
Que na alma sorrateiro
Instalou a dependência
É o começo de outra fase
Culpa medo ira saudade
Tudo junto misturado fora de tom
Mostrando que o que era ruim mas era bom
Agora já era!
E no esfumo da loucura
No entremeio do desencanto
Um aceno se permeia
É o sorriso do descanso
Alma em via de assunção
Que por fim desobceca
Vê o mundo com os olhos
De quem se viu livre da cerca
A realidade permanece a mesma
Mas o olhar da alma livre
Vê o mundo com beleza
E um ar de melancolia
Frutos da compaixão que germinava
Enquanto a alma padecia
Me deixa meio incerto
O engano dos sentidos
Na mirada sem sentido
Faz reter uma imagem
Que me lembra teu dorso
Empreendo a caminhada
Suavidade arredondada
Convexa com vida convidativa
Ao delírio da jornada
Sinto o sopro de sereia
Me dizendo que areia
É o chão da grade praia
Que meu passo faz sentido
Nessa linha do olhar
Em que o fio dessa linha
Que me guia ao fim da linha
Onde ali começa o mar...
O impossível
É uma possibilidade
Que se apresenta
Como algo intransponível
Insolucionável
Uma inviabilidade momentânea...
Então tá!
Diante do impossível
Só faço o que é possível
Nisso reponho forças
Acumulo recursos
E de repente
Realizo o impossível