terça-feira, 28 de dezembro de 2010
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
aquilodeunisso
havia um show eu ia cantar
tudo pronto platéia palco som iluminação
burburinho no camarim
eu firme na intenção
de não dar atenção a minha tensão...
e você num vestido balão de algodão cru
cara limpa e brilho nos lábios
distante de todos ligada em mim
me fitando reto profundo
não intenso mas definitivo
era tudo ao mesmo tempo
tão espiritual e tão denso
que eu nem lembrava da segurança
que me traz tua presença
mas ela pairava e me amparava...
nosso olhar era o olhar dos que
se acompanham e se seguem
era diferente eu sentia que te olhava
não com o meu mas com o seu olhar
e mais do que nunca naquele momento
no ínterim dum lampejo
entendi você e sua devoção
acordei com essa sensação
tomei meu café e resolvi escrever
bem, aquilo deu nisso
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
ainda mais quando falado nas favelas do rio de janeiro
onde de janeiro a janeiro asaftasardemdoemasemorróidasídem
o couro tá comendo na casa de noca
a cena mostra a luta pra sanar a sina
a capa é a copa e a culpa é de quem?
não importa o olimpo foi invadido evadido dos seus deuses decaidos
garotos violado violando acoitados no morro da garota
(a sensualidade das nossas montanhas
estuprada por um romantismo pavoroso)...
pois é balas vão balas vêm as olimpíadas também
e nós ficamos pra contar catar os destroços
chorar as perdas e correr atrás do preju
piadas sobre o fato virão
e são sintomas de superação da tragédia
isso é bom mas e a solução do problema? e depois?
São Sebastião do Rio de Janeiro Santíssimo Todos os Santos
São João do Meriti São Pedro D'aldeia PIEDADE!!!!
a perda da juventude pari um desespero
comedido acomodado acometido da medida
que adota reticente a maturidade e seus cosméticos
que prometem o milagre da antiga aparência
de pureza de beleza e inocência...
espiritual a juventude
que de tão leve só se sabe pele
seus prazeres ansiedade e prosseguir
material é envelhecer que de tão denso
se sabe corpo descobre alma
pelas perdas danos dores confusão de cores
e o olhar distanciando
que num choro introjetado vai aprendendo a dar adeus...
{ negaçãoraivanegociaçãoaceitaçãodepressãoentrega }
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Tortura
mais ele se distancia de mim
como se brincasse comigo dizendo-me
que não há o menor interesse
em ser realizado
para que não se quebre a magia da busca
terça-feira, 28 de setembro de 2010
O Poeta e o político
O político usa a palavra pra esconder
O poeta esclarece no subjeto
O político encarece no objeto
A mente do poeta é profana
A mente do político é insana
O poeta é síndico
O político é cínico
O sonho do poeta é completar
O sonho do político é locupletar
O poeta encarna
O político escarna
O poeta sonha com a política
O político sanha na política
O poeta bate palmas
O político manda bater
A poesia do poeta é filha
A política do político é falha
O poeta excita
O político broxa
O poeta acaricia
O político atocha
Poeta que é poeta odeia político
Não pelo poeta ser avesso à política
Mas pelo político ser o avesso
Do avesso do avesso do avesso...
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
na boca da criança que perdeu o primeiro dente
ao vazio que meu filho sente
por ter um pai ausente
ao vazio da minha sobrinha
que nosso amor não sacia
ao vazio do universo
que seria maior sem nosso verso
ao vazio de todos nós
que é avesso ao preenchimento
deixo aqui o meu tributo
substrato do delírio
abstrato do afeto
a esse doce desespero
açucarado como bala
que dissolve na saliva do tempo...
a beleza flui e tem um quê de melancolia
terça-feira, 3 de agosto de 2010
qualquer poesia...
um texto intenso profundo e apaixonado
faz eu ouvir minha mãe dizendo:
"meu filho tá frio aí fora vem pra dentro"
é eu criança tomando em minhas mãos
qualquer coisa sem sentido e dando-lhe vida
falando com ela...
a poesia é mãe da linguagem
o desenho veio antes da escrita
o canto antes da verborréia
qualquer expressão viceral
seja de alegria dor ou cólera
assume um tom musical
vejo isso no carnaval
no hospital e no futebol
a arte é o berço da cultura
no prelúdio o verbo era poesia
a meninice da humanidade
era habitada por artistas e poetas
em estado espontâneo
quinta-feira, 15 de julho de 2010
homópteros cicadídeos
terça-feira, 22 de junho de 2010
minimal
ela me fitou por alguns milésimos de segundo
a força desse instante teve o impacto de uma era
ela previu num lampejo e me mostrou
no lapso em que nosso olhar se cruzou
o que hoje vejo num tempo dilatado
que o ditado "a vida pensa em nós"
se confirma afirma e reafirma numa faísca
em princípio somos minimalistas...
e o que eu era se tornou no que hoje sou depois dela
tudo por causa daquele ínfimo de segundo
ela se tornou minha casa minha causa meu caso quase nos casamos
ainda bem que não mas estamos juntos e misturados
o tempo que se ampliou é radiação que me atingiu
daquela bomba de luz que ela lançou na minha alma
no momento em que me viu
quinta-feira, 3 de junho de 2010
...
de pedras perdas e pedidos...
dentro da concha que rola e rala
há uma pérola que nasceu de uma pedra...
que espera comprida! de entrega perdida
adotada por uma carapaça que a protege do que peça
para que ela pulse passe e possa algum dia quem sabe
ao sabor de um fio colar-se e calar-se com outras dela num colar
e ceder seu encanto ao colo daquela que aninhará no peito aquele eleito pro leito deleite e leite
e depois da madorna o asseio e de novo o adorno
colar-se ao peito e ouvir lá de dentro o pulsar de um mistério...
quem sabe esse encosto é também carapaça
que engravida outra igual que espera um fio pra se consolar?
sexta-feira, 21 de maio de 2010
terça-feira, 11 de maio de 2010
o desbunde vale mais
sou uma transitoriedade autônoma...
passo peso peço piso posso pulso
sensação de missão nenhuma
mas de rebanho no fluxo...
a massa a meça a missa a moça e o mousse
guiado por uma vitalidade irreverente e eterna
perecível mas restaurável que persevera...
a barca a beca a bica a boca e a burca
admiro os aborígenes australianos
os tuaregues norte africanos
os índios americanos e os ciganos europeus
nômades...
a saca a seca a cica a soca o soco o sulco e o suco
mas o Rio é meu estandarte cultural
meu amor pelos outros nasce aqui...
a baça à beça a biça a bossa e a buça
quarta-feira, 5 de maio de 2010
numa tarde insossa...
escarpa que afasta em largos passos
o peso morto no labirinto do tempo
que vez em quando se confunde
no entremeio e volta no vento
quando se dá ares ao pensamento
provando-se nem tão morto assim
quando ressuscitado em ti
numa tarde morna de emoções quase frias
brasas que insistem em não se tornar carvão nem tão pouco cinza
o devir que não se tornou urge e ruge no momento inoportuno
e nunca será oportuno seu rugir pleonástico hiperbólico metafórico
figurativo de linguagem que se vale da poesia pra ironizar o que não brilhou
mas acinzenta e joga água fria na tarde de tua quietude...
segunda-feira, 26 de abril de 2010
largo da carioca
eu sou o tempo e entrei com tudo
nosso encontro trouxe eternidade ao momento e fomos...
ela bailava um tango de ventre alerta rubro vibrante
eu urrando um canto rito de coito em louvor
fêmea pronta se abre como flor quente aconchegante
pulsando ela foi escrevendo os termos de nosso contrato em cada gomo do meu pau
selando nosso pacto com um sonoro gozo
escandalosa dilatada e aflita me puxando pra dentro
eu afoito atolado em sua lagoa um puto feliz(pleonasmo!)
seu tesão é fluido que escoa e empoça em mim
mergulhar em você é voltar pro meu mundo
tu és meu continente eu sou seu conteúdo
terça-feira, 20 de abril de 2010
meta...
o dedo no teclado
na areia
no vidro embaçado
o grafite no tablado
o esprei na parede
o borrão na pedra
o giz no quadro
o pé na lua
na jaca
no pau da barraca
a mão na placa
a placa na via
o formão na madeira
a cara na tela
a tela no quadro
a cal no cão
a picareta na rocha
a tatuagem na bunda
o silk na blusa
a letra na música
a música na letra
o cd no espaço
o pincel no parachoque do caminhão
o verso no bloco
e o bloco na rua...
quarta-feira, 14 de abril de 2010
muro do paraíso
ou um Deus do lado de dentro tão pequeno tão impotente e tão descartável...
quarta-feira, 7 de abril de 2010
...praça da banheira...
não tem poesia!
muito barro na estrada
muito lixo na sarjeta
cheiro de parto prematuro de alma
foi no Haiti foi no Chile agora é aqui
cada um tem a tragédia que NÃO merece
a natureza quando resolve
tomar de volta o que lhe pertence
diz foda-se pra tudo todos e faz a maior sujeira
"quem falou que a vida é justa
não sabe que a vida é só vida
e que não cabe conotação moral
a vida é só vida e não faz questão
se você aprova ou não uma enchente ou uma estiação"...
ca-ra-le-o! tá foda!! dançou a poesia!
muito barro na estrada
muito lixo na sarjeta
cheiro de parto...
vamos que vamos meu povo!
o samba não pode parar...
terça-feira, 30 de março de 2010
dita e feita de forma diferente
pegadas repisadas com a força da obsessão
e desespero ante a fuga dos segundos...
a essência da vida é o tempo
a essência do tempo é o fluxo
a do espaço o preenchimento
a alma do concreto é o cimento
e o artista é um pirracento que calcina a pisada
sapateando a pegada na areia movediça
com raiva da injustiça da onda
na transitoriedade no mar da vida
compartilha seu varejo no atacado da humanidade
e dá um salto pra eternidade
amenizando o desassossego
ante a maior das maldades...
sexta-feira, 19 de março de 2010
luz além
sábado, 6 de março de 2010
tático
domingo, 14 de fevereiro de 2010
com as cores do engov
É o nome do meu bloco
Nomezinho interessante
Justamente pelo “QUASE”
Simpatia é o que atrai
Amor é o que arrebata
Mas o “QUASE” é que excita
Quem dá o quê de mistério
Provoca o frenesi
E desafia a ressaca...
Aqui não cabe definir
Quando muito lucubrar
Pois só os festejos de Momo
Pela orla de Ipanema
Numa ôla lilás e amarela
Dando o tom de aquarela
Na paisagem consagrada
Pode mesmo explicar...
Passeata de alegria
Procissão barulhenta
Liturgia de batismo
Com lúpulos água do mar e suor
Vamos que vamos simpatia!
Sendo quase amor...
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
alquimista
que não se contenta e apela pros deuses
da farmácia divina o formol que sustenta
além dos limites e como Noé
bem depois do dilúvio na barca do sempre
só quero o durante
um pouco do antes já é o bastante
mas nada pra depois
deponho o que envelhece reponho o que remoça
pro beijo da moça que mesmo que antiga
entoe a cantiga comigo tão jovem e despudorada
encantada com aquilo que já não fenece
promessa cumprida aqui e agora e só...